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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Caminhoneiros param o Brasil e assustam Temer

Por Domingos Miranda

Nunca antes na história deste país uma paralisação abalou tanto a economia como a dos caminhoneiros. Tudo isso aconteceu por culpa de uma política insensata da Petrobras, colocada em prática pelo seu presidente Pedro Parente, de reajustes quase diários no preço dos combustíveis. Os caminhoneiros autônomos, não suportando os custos do óleo diesel, pararam. As empresas transportadoras de carga, muito espertamente, deram força ao movimento imobilizando os caminhões. Locaute, ou greve dos patrões, é proibido por lei. A paralisação se espalhou pelo Brasil inteiro, como fogo em palha seca. E aí, os fascistas, que pedem a intervenção militar, entraram firme na parada usando a violência, deixando a maioria dos motoristas reféns logo após o governo ceder e conceder redução de 46 centavos no preço do diesel.

Nos dez dias de paralisação dos transportes o país teve um brutal prejuízo, ainda incapaz de ser totalmente contabilizado. Mesmo sofrendo com a greve, a maioria da população apoiou os caminhoneiros pois via neles a primeira atitude eficaz contra um governo odiado pelo povo. O governo foi colocado contra a parede, tendo que reduzir o preço do diesel. Mas jogou a conta para o contribuinte, com aumento de impostos. Mesmo com o país em chamas, Temer não foi capaz de mudar a política da Petrobras e nem demitir Parente. O golpe que o alçou à presidência tem o objetivo de abrir as portas ao grande capital. Portanto, melhor penalizar a sociedade para não tocar nos ganhos dos acionistas da nossa estatal. Também faltou direcionamento dos caminhoneiros contra Parente, o que foi feito depois na greve dos petroleiros, mais politizados, cuja principal reivindicação era “Fora Parente”.

O protagonismo dos empresários ficou evidente nesta greve e 90 deles estão sendo investigados por locaute pelas autoridades, que já expedidas multas no valor de R$ 320 bilhões. O poder delas é enorme. A Transportadora Dalçóquio, de Itajaí, por exemplo, possui mais de 600 caminhões. Estes empresários, que têm débitos bilionários com o fisco, foram os que mais se beneficiaram da paralisação, pois ficaram livres da reincidência dos impostos sobre a folha de pagamento dos funcionários. Muitos deles também incentivavam um golpe militar. O filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp, comentou em artigo: “Temos um grupo de empresários do transporte, poderosos e antidemocráticos, desafiando os poderes instituídos: até Forças Armadas e policiais. Isso pode ser uma oportunidade para setores da sociedade passarem a concorrer com o poder do Estado”.

No final do movimento de dez dias ficou evidente a ousadia destes grupos fascistas que mantinham motoristas reféns. Se algum deles tentavam seguir viagem tinha o caminhão depredado. Em Rondônia, um condutor morreu, atingido por uma pedra enquanto tentava escapar do cerco. É uma situação complicada em que deve se separar o joio do trigo. É justa a luta contra esta política entreguista de Temer, mas é preciso ficar atento para não dar combustível para os fascistas que tentam se aproveitar do locaute para implantar uma ditadura.

Há coisas que só acontecem no Brasil, tais como manifestações em frente aos quartéis pedindo intervenção militar. A imensa maioria dos caminhoneiros luta por uma causa justa, apoiada pela população, mas entre eles há aqueles que são influenciados pelos intervencionistas. É como se uma árvore produzisse laranja em um galho e limão em outro. Temos de tirar lições deste importante movimento, mas não esquecer que a mobilização mais importante agora é garantir as eleições de outubro. Elegendo um presidente patriota e democrático teremos condições de colocar novamente a Petrobras a serviço dos brasileiros e espantar os abutres rentistas que só visam o lucro.

Nota editor: Depois da publicação deste artigo noticiou-se o pedido de demissão de Pedro Parente, o qual, entretanto, não significa o fim da politica de preços da Petrobrás, nem, tampouco, que o movimento grevista tenha chegado ao seu termo definitivo.

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